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domingo, 29 de dezembro de 2019

COHAB Carapicuiba o Conjunto Habitacional Deteriorado

O Conjunto de carapicuiba foi um dos primeiros conjuntos habitacionais construido para o público de baixa renda na Grande São Paulo no final da década de 70.

Considerado como a "Canaã dos Flagelados", assim foi chamada pelos pesquisadores e estudantes de arquitetura e urbanismo, por se tratar na verdade de um Conjunto piloto, onde várias formas de construção e modelos e materiais na verdade estavam sendo colocados á prova e sendo testados para que se chegasse a um modelo viável economicamente e esteticamente.

Um modelo já existia, ou melhor, existiu no final de década de 50 e anos 60 no Rio de Janeiro, era o conjunto habitacional dos funcionários da Fabrica Nacional de Motores FNM, a jóia preciosa da era Vargas. E eram confortáveis e foram muito elogiados quanto a aplicabilidade trazendo segurança e moradia aos empregados da fábrica de caminhões e motores.


Quando os estudos chegam a muitas opções construtivas , lança-se mãos de tais projetos, por esse motivo uma grande variedades de modelos de edificações da COHAB SP especialmente no conjunto de Carapicuiba.

Com edificações de quatro, tres pavimentos ou casas duplex germinadas, foram sendo construidos as unidades habitacionais, com amplos gramados, áreas e espaços ganhando forma e tornando a gleba habitacional uma realidade;


A execução dos processos construtivos em Carapicuiba na verdade foram ensaios tecnicos para a construção da COHAB I Itaquera.  Dois modelos essenciais dominam a COHAB I, são as edificações de concreto armado e as edificações de alvenaria estrutural.

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Edificação COHAB I ITAQUERA, em concreto armado estruturante.


Edificação COHAB I ITAQUERA em alvenaria estrutural;

A  COHAB de carapicuiba era para ser a vitrina do SFH e BNH, foram erguidos em tempo hábil edificações nas primeiras glebas e logo iniciaram os processos de entrega das chaves, e uma grande quantidades de projetos sociais e cursos começaram a ser oferecidos á esse publico. 

Afinal como está o conjunto habitacional de Carapicuíba?

Na atualidade o Conjunto viveu outrora uma descaracterização assustadora e hoje poderíamos dizer que verdadeiras aberrações da construção civil foram aplicadas de qualquer modo causando impacto negativo a tudo e todos , gestando uma poluição visual importante, além de generalizada falta de manutenção, ocupação indevida de espaços publicos e dos condomínios, favelização, puxadinhos, puxadões, verticalização inadequada, escavações que colocariam em risco as fundações de muitas edificações, e comércios informais para todo lado. 

Quem não sonha poder morar em um local agradável, no qual possa se sentir realmente em casa, mesmo sendo um imóvel alugado? Entretanto, engana-se quem acha que a única preocupação, ao escolhê-lo, deve ser com a localização e o valor, seja do aluguel, do condomínio ou do imóvel em caso de compra. A má administração, tanto de imobiliárias quanto do edifício em si, pode trazer enormes transtornos e até prejuízos aos moradores.

O presidente da Associação Brasileira de Condôminos, Prestadores de Serviços, Empresas e Organizações Afins (Abcon), Helbert Silva, chama a atenção para um fato que pode ser desconhecido por boa parte da população: "A má administração é uma das principais causas para a desvalorização de um imóvel", revela.

Para quem acha que tal afirmação é um exagero, o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Imobiliários (Ibei), Paulo Viana Cunha, diz que um condomínio mal administrado sofre grande desvalorização. "Seja pelas perdas diretas no caixa, como desperdício de recursos, seja pelos efeitos visíveis da má gestão, como insegurança, sujeira, quebra e paralisação de equipamentos."

A realização de compras e contratações com preços acima dos praticados no mercado, gastos não autorizados e que superam a previsão orçamentária e a dilapidação do fundo de reserva são alguns dos exemplos de má administração, conforme Paulo Viana, que acrescenta ainda: omissão na manutenção e conservação, causando acúmulo de sujeira, parada de equipamentos, agravamento de problemas estruturais, entre outros.


A má administração do condomínio pode contribuir para a desvalorização do imóvel, prejudicando donos e inquilinos


O que esses moradores desconhecem é que cada "esperteza" dessas cria uma desvalorização do imóvel, se algum imóvel for colocado á venda vai ter demora para conseguir comercializa-lo.  A poluição visual e a falta de espaços verdes geram total falta qualidade de vida e vem aquela pergunta....você mora ou se esconde ?

Hoje o Conjunto Habitacional COHAB I ITAQUERA - Arthur Alvim é o conjunto mais proximo da realidade arquitetônica e mais bem preservado entre todos. Em outra ocasião analisaremos a COHAB II que possui situações tão agravantes como o de Carapicuiba. 

Muitos fatores podem ter contribuído para essa situação:

1 - falta de fiscalização dos órgãos competentes.
2 - desrespeito ´as normas do condominio
3 - desinteresse coletivo pelo normativo
4 - "jeitinho" para resolver questões técnicas
5 - Descumprimento de sanções legais.
6 - Desmazelo e relaxo, Falta de cuidado com as coisas; desleixo, negligência, relaxamento;

Diretora da Céu-Lar Netimóveis, Adriana Magalhães conta que a manutenção benfeita e a conservação dos espaços e bens comuns de um edifício são alguns dos aspectos mais visíveis durante a visita para escolha de um imóvel. "Quando um pretendente for comprar ou alugar um imóvel e depara-se com fachadas com cerâmicas soltando, portões, interfones ou equipamentos sem funcionar, porteiros malvestidos e escadarias com piso quebrado, já entra no apartamento (se entrar!) com o olhar contaminado", fala, citando apenas alguns exemplos.

Nesse caso, a imagem vale muito. Quem não se assusta com paredes externas manchadas ou descascadas, quadros de avisos que exibem problemas com o condômino, mau uso das vagas de garagem e espaços comuns, sem contar questões de segurança? "Mesmo se o apartamento internamente estiver bem conservado, o aspecto do prédio já interferiu na decisão", avalia Adriana Magalhães


EXISTEM EXCEÇÔES !

Sim !

Muitos condominios prezaram por seguir o que é de Lei, e respeito ás normas tecnicas, e mantiveram a originalidade da edificação, cercando seu perímetro por muros por questão de segurança mas prezando por manutenção certa e segura.

Eis alguns exemplos louváveis de Edificações em COHAB Carapicuiba SP que são dignas de destaque. 



Edifícios bem gerenciados garantem tranquilidade a todos !
















sábado, 28 de dezembro de 2019

COHAB Itaquera - SP


A ocupação de Itaquera começou no fim da década de 1910 e se acelerou nas décadas de 1950 e 1960. No começo dos anos 1970, o bairro ainda contava com vazios urbanos e áreas rurais remanescentes, com uma distribuição de população desigual. Mesmo em partes mais antigas do bairro a estrutura urbana era deficiente. A precariedade e a carência de moradias no país levaram a ditadura a montar o SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e a criar o BNH (Banco Nacional da Habitação) para implantar uma política habitacional centrada na construção de casas e apartamentos para a população de baixa renda. 






Os municípios fundaram as COHABs, companhias destinadas a confeccionar e a executar projetos de habitação. Com os recursos provenientes do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), o BNH financiou a construção de unidades habitacionais em áreas periféricas das cidades brasileiras. A COHAB-SP começou a adquirir terras em Itaquera no fim dos anos 1960. Em novembro de 1974, o então prefeito Miguel Colasuonno apontou, segundo o jornal Folha de S.Paulo, a demanda de passageiros e as boas condições para a construção de um pátio de manobras como as principais razões para a escolha de Itaquera como estação terminal da linha. 


As boas condições para a construção do pátio consistiam justamente no fato de o poder público possuir terrenos na região, aspecto mencionado por entrevistados como o ex-presidente do Metrô Plínio Assmann e, ainda que sem grande destaque, por documentos como o parecer da Comissão Mista. A proposta de ligar os bairros da Lapa e de Itaquera remetia à proposta do PUB, referência para os planejadores do Metrô. Não podemos afirmar que o PUB influenciou a decisão da Comissão Mista, mas se pode ressaltar a confluência entre as propostas e atribuir essa confluência às características que Itaquera possuía no início dos anos 70: o bairro era servido pela antiga linha férrea e tinha terrenos disponíveis. 

Além disso, era de conhecimento público que a COHAB pretendia construir moradias no bairro e que a prefeitura havia incluído Itaquera no programa CURA (Comunidades Urbanas de Recuperação Acelerada), criado pelo BNH. Ao optar pelo traçado até Itaquera, a Comissão Mista criou condições para que a Prefeitura de São Paulo viabilizasse a articulação do projeto do Metrô com o projeto de habitação e obtivesse o apoio do BNH, grande agente nacional de financiamento de projetos urbanos da época. Em 1975, a prefeitura tomou medidas que fizeram a relação entre Metrô e COHAB passar do nível da confluência para o da articulação. 


Primeiro, criou um Grupo de Trabalho presidido pelo Coordenador Geral de Planejamento da Prefeitura e formado pelos presidentes do Metrô, da COHAB e da EMURB (Empresa Municipal de Urbanização)7 para elaborar um relatório de avaliação das proposições de uso e recomendar trabalhos para área Z8-012, que correspondia a Itaquera.


Ao assumir a prefeitura em abril daquele ano, o empresário Olavo Setúbal baixou um decreto vinculando empresas como Metrô, COHAB e EMURB ao seu gabinete9 . Além disso, segundo Marques, o prefeito tomou a iniciativa de criar a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano (2003, p. 65). Todos os órgãos envolvidos no Grupo de Trabalho criado pela Prefeitura para planejar a ocupação de Itaquera produziram ainda em 1975 documentos relacionados ao projeto de implantação da linha Leste-Oeste do Metrô, levando em consideração a futura construção em Itaquera de conjuntos habitacionais por parte da COHAB e enfatizando a necessidade de se promover o desenvolvimento urbano do bairro. Em novembro daquele ano, a COHAB concluiu o documento Política e Proposta de Ação, que anunciava uma nova fase da companhia e apontava Itaquera como seu futuro canteiro de obras principal. No mês seguinte, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Metrô e COHAB, com a articulação da prefeitura, acertaram a transferência de uma área para que o primeiro implantasse suas instalações em Itaquera. O Metrô pagaria 32 milhões e 800 mil cruzeiros, o que ajudaria a COHAB a acelerar a implantação de seus projetos de moradia. No conjunto de medidas adotadas em 1975 em função do projeto de implantação do metrô na Zona Leste, também houve preocupação com o zoneamento. Em 2 de dezembro, a Câmara Municipal aprovou a lei nº 8.328, que criou um zoneamento especial para a região de inserção do metrô, o que poderia permitir a renovação e o desenvolvimento urbano numa longa faixa do Brás até Itaquera que incluía a antiga Z8-012, em Itaquera. 

 De acordo com entrevistas que realizamos, a direção da Companhia do Metropolitano tinha interesse na construção dos conjuntos da COHAB porque se preocupava com a possibilidade de haver baixa demanda pelo sistema de transporte em Itaquera. Além disso, o BNH e a COHAB pretendiam fornecer aos novos conjuntos uma estrutura urbana mais adequada do que a dos conjuntos erguidos nos anos 1960, o que incluía a preocupação com o transporte. Se a articulação prevaleceu no momento do planejamento e da viabilização dos projetos de transporte e habitação em Itaquera, a execução foi marcada por descompassos. 

Os primeiros moradores dos conjuntos habitacionais ali construídos tiveram de esperar dez anos até que o Metrô viesse a atender o bairro. Em poucos anos, a COHAB conseguiu implantar os projetos previstos para a área de Itaquera I, formada por três conjuntos. E enquanto construía e entregava esse primeiro complexo no fim dos anos 1970, concebeu e passou a executar um projeto ainda maior – o de Itaquera II e III – que não fora cogitado até 1975. Somados, os quatro conjuntos principais implantados em Itaquera têm 34.122 unidades habitacionais – sobretudo, apartamentos - e uma população que beirava os 165 mil moradores em 2000 (NAKANO, 2002, p. 102 e 118-121), superando em muito suas próprias previsões iniciais.

O avanço do metrô foi mais lento. A obra do pátio de Itaquera começou em janeiro de 1976, mas a implantação da linha teve início na região central, no trecho Sé-Brás, onde houve uma grande intervenção urbana. A Companhia do Metropolitano enfrentou dificuldades financeiras para executar a obra, precisou contar com recursos do próprio BNH e mudou de esfera administrativa em 1979, quando o governo estadual assumiu seu controle acionário. 


O extremo leste da linha só foi entregue em 1988. As estações Brás, Tatuapé e Corinthians-Itaquera são os pontos de conexão do tramo leste do metrô com a linha 11-Coral, sucessora da antiga Central do Brasil. As estações Artur Alvim e Corinthians-Itaquera, as últimas do lado leste e as mais próximas dos conjuntos da COHAB, vem se mantendo entre as mais movimentadas de toda a rede metroviária. Em 2012, na média dos dias úteis, 91 mil pessoas ingressaram na rede pela estação Corinthians-Itaquera, o sexto maior índice da malha.




Pela estação Artur Alvim, ingressaram diariamente 73 mil pessoas na rede metroviária10 . A opção pelo traçado até Itaquera e medidas tomadas para articular outros projetos à linha 3-Vermelha deram características únicas ao tramo leste do metrô e acrescentaram aspectos singulares à Zona Leste. A própria alteração de traçado é uma característica peculiar. Das quatro linhas de metrô implantadas no centro expandido de São Paulo, somente a Leste-Oeste difere significativamente do traçado proposto originalmente pelo HMD.  

Cohab Carapicuíba - SP



Vilaça (p. 34) nos diz que 50 a 60% dos recursos de “interesse social” do BNH e do SFH foram utilizadas pelas Companhias de Habitação (COHABs) criadas nos mais diversos lugares do Brasil para financiar a construção de moradias populares. Apesar da proposta de serem voltados para as camadas de baixa renda, Vilaça, baseado em estudos sobre habitações populares, afirma que “a própria COHAB, que inicialmente pretendia financiar casas para faixas de renda inferior a três salários mínimos, logo desistiu disso e na verdade financia para faixas em torno de cinco salários mínimos a mais”. 

Em São Paulo, a Companhia Metropolitana de Habitação “foi criada pela lei n.º 6.738, de 16 de novembro de 1965, como uma sociedade anônima de economia mista, cuja principal acionária é a Prefeitura do Município de São Paulo, que detém 99% das ações preferenciais”, tendo por missão “garantir acesso à moradia para a população de menor renda, desenvolvendo programas habitacionais e promovendo a construção de novas unidades”, abrangendo o município e sua região metropolitana (COHAB, 2008, organização). Apesar da ampla possibilidade de atuação, sua atividade até hoje está associada à construção dos conjuntos habitacionais (Cohabs) para população de baixa renda: O Estado, atuando como promotor imobiliário, aproxima o mercado de moradias de suas demanda nas favelas e cortiços, subsidiando a produção. Viabiliza a compra de terrenos, administra a construção, cobre parte dos custos. Com isso, coloca mais um elemento na paisagem da periferia: os conjuntos de habitação social. (NOGUEIRA, 2003, v. 1, p. 7)


A partir de 1967, com recursos do BNH, foram construídos inúmeros conjuntos habitacionais na região metropolitana de São Paulo pela COHAB, sendo o período de maior investimento entre 1975 e 19864 . Os conjuntos criados nesse período foram: 

Com relação à construção, eram desenvolvidos projetos-tipo de blocos de apartamentos, como uma estrutura espacial simplificada, que tinha as seguintes funções: organizar o espaço da futura moradia, orientar a empreiteira no momento da construção e relacionar o espaço construído com o custo de produção (partindo de fórmulas – sala, cozinha, dois quartos, banheiro, área de serviço). Mais uma vez, “o que chama a atenção nessa forma de projetar da COHAB é que esses aspectos quantitativos organizacionais eram absolutamente preponderantes sobre os que se relacionavam com a qualidade do espaço de moradia, que viria a se constituir o espaço concreto da vida de seus futuros habitantes”, tornando-se mais “um instrumento de garantia da construtibilidade da obra e da lucratividade do empreendimento” (NOGUEIRA, 2003, p. 188 e 187). A mesma finalidade se aplicava aos processos construtivos. 

Os investimentos feitos a partir de 1975 pela COHAB e pelo BNH em novos processos visando obter vantagens de custo e prazo levou-os a convocar várias empresas para apresentar propostas, e nos quais foram testados vários sistemas construtivos, sendo os mais utilizados o de alvenaria estrutural e o de formas metálicas deslizantes Outnord. Para Carolina M. P. de Castro, nas palavras de Nogueira, “embora oficialmente a política habitacional do BNH pretendesse aumentar a eficiência e a produtividade viabilizando uma produção em massa, as mudanças técnicas construtivas introduzidas não reverteram em um aumento na qualidade de habitação, e sim foram canalizadas para as empresas sob a forma de lucro” (NOGUEIRA, 2003, v. 1, p. 191).


Carapicuíba, até os anos 70 era uma área eminentemente rural, com chácaras que produzia alimentos para abastecer a capital. Os três núcleos iniciais de povoamento foram a secular Aldeia, o centro de Carapicuíba e o matadouro do Km 21. Toda a região, a antiga Fazenda Carapicuíba e o Sítio Quitaúna5 , pertencia a Delfino Cerqueira, que as adquiriu em 1903. (TENÓRIO, 2003, p. 194). Dentre os inúmeros negócios de Delfino, estava a atividade de marchante, possuindo, por volta de 1918, 15.000 cabeças engordando nas invernadas de Conchas e Barretos, sendo nesta onde se localizava os principais campos de engorda de gado que chegava a São Paulo na primeira metade do século. 

Quando trazido para São Paulo, o gado de Delfino era abatido ou no Matadouro Municipal da Vila Clementino (pertencente ao distrito da Vila Mariana) ou no Matadouro Wilson, localizado em Presidente Altino (divisa de Osasco e São Paulo), pertencente ao grupo americano de mesmo nome, um dos maiores fornecedores de carne para a região metropolitana. Em 1920-21, Delfino Cerqueira estabeleceu à margem da E.F. Sorocabana, na época próximo à divisa entre os municípios Santana do Parnaíba e São Paulo, um pequeno matadouro de bovinos e outro de suínos, respectivamente à direita e à esquerda da ferrovia, para abater seu próprio gado e abastecer a população paulistana (BENITES, 1978, p. 23). 

Por conta do estabelecimento do matadouro, cerca de dois quilômetros adiante foi construído em 1921 um desembarcadouro de gados junto à ferrovia, visto que os trens da Sorocabana só paravam nas estações de Osasco (na época distrito de São Paulo) e Barueri (então pertencente a Santana do Parnaíba)6 . Daí seguiam em descanso de 15 por 15 em nove currais localizados nos morros entre o desembarcadouro e o ribeirão Carapicuíba que compunham o Sítio da Fazenda Velha, popularmente conhecida como Campo da Boiada, de onde seguiam para abate. (TENÓRIO, 2003, p. 91 e 132-134)


Com o fechamento do Matadouro Municipal da Vila Clementino em 1927, o abate de gado dos marchantes passou a ser feito junto aos grandes frigoríficos estrangeiros como Wilson, Armour e Swift, pois a Prefeitura de São Paulo praticamente abandonou os marchantes sem um lugar para abate. Em 1938 uma lei municipal restabelecia os serviços municipais de matança de gado utilizando o matadouro de Delfino Cerqueira, que se tornou o Matadouro Municipal. 

No ano seguinte, 1939, a prefeitura instituiu cotas de entradas de carne no entreposto municipal (tendal único), estabelecendo que 60% da carne viesse do Matadouro Municipal, o que deve ter feito com que, em 1943, 44, 38% da carne consumida em São Paulo fosse proveniente de Carapicuíba (BENITES, 1978, p. 116-117). Talvez seja dessa época a imagem dos campos repletos de bois pela região, tendo em vista que no matadouro chegavam a ser abatidas 2500 cabeças por dia, que entravam nos currais vindo da estação por uma ponte sobre o antigo córrego da Pedreira. Paulo Tenório, tendo recolhido depoimentos sobre a localidade, nos diz que muitos boiadeiros morreram nessas terras atacados por bois bravos, sendo comum encontrar cruzes em devoção à alma do falecido, assim como aponta a dificuldade, por conta da boiada, de se atravessar a divisa entre Osasco e Carapicuíba à noite. (TENÓRIO, 2003, p. 132-134) 


A partir de final dos anos 50 e década de 60, Benites aponta que a localização de frigoríficos na Região metropolitana de São Paulo começa a se tornar anti-econômica, fazendo com que grandes empresas estrangeiras encerrassem suas atividades e/ou passassem suas atividades para os grupos nacionais (BENITES, 1978, p. 168 e ss). Nessa época o frigorífico de Carapicuíba deve ter sido desativado (ainda não temos a data precisa), seu edifício permanecendo abandonado por muitos anos, transformando-se num cortiço em extensão à favela que ficava próxima ao lixão, e demolido para a construção do Rodoanel (ALMEIDA, 2005 Apud Estações Ferroviárias, acessado em 22/02/2008.

Distante cerca de 24 quilômetros do centro de São Paulo (a oeste), o conjunto ocupa uma área total de 2.500.000 m2 na qual foram construídos 357 edifícios com 13.366 apartamentos e 864 casas térreas/sobrados (vendidos a prestações aos moradores), aos quais se acrescentaram com o tempo equipamentos sociais como escolas e postos de saúde, além das áreas livres (ORNSTEIN, 1992, v. 1, p. 1-20)8 . 



SPT

Como é feito o ensaio de sondagem SPT?

Mede-se a resistência de uma camada de solo de um metro medindo o número de golpes com um martelo que são necessários para penetrar trinta centímetros, o que chamamos de N SPT. Os resultados desse ensaio são bons para solos com algum grau de resistência, e são ruins quando falamos de solos moles.


Equipamento utilizado para a execução de sondagem SPT.

É um ensaio relativamente simples, o que explica tamanha difusão. Deve haver cuidado para manter a uniformidade nos golpes aplicados no solo, para não gerar erros nos resultados, quando for uma versão manual. Algumas empresas também disponibilizam aos seus clientes a possibilidade do ensaio mecanizado, onde seria menor a possibilidade de variações nos golpes.

Número mínimo de sondagens

O número mínimo de sondagens é estabelecido por normas técnicas. Mesmo assim, considerada a heterogeneidade dos solos, a quantidade mínima de furos é pequena e deve ser sempre avaliada pelo engenheiro responsável pela obra.
Segundo o que aponta a ABNT NBR 8036:1983 – Programação de sondagem de simples reconhecimento dos solos para fundação de edifícios, deve-se definir a área de projeção da edificação (APE) e:
  • Fazer dois furos se a área for inferior a 200 m².
  • Fazer três furos se essa área for entre 200 e 400 m².
  • De 400 a 1.200 m², um furo a cada 200 m².
  • Entre 1.200 e 2.400 m², um furo por 400 m² e
  • Acima disso, o número de sondagens fica a critério do engenheiro responsável.
Em caso de não se saber qual será a área e não existir algo que indique isso em estudo de viabilidade, deve-se prever um mínimo de três furos uniformemente distribuídos e não distando mais do que cem metros.
Outro uso de ensaios de sondagem SPT está nas obras que envolvam taludes e vias pavimentadas (seja com paralelepípedos, pisos intertravados ou asfaltadas), cuja amostragem depende das instruções de serviço rodoviárias.
Para taludes, recomenda-se um mínimo de três sondagens por seção transversal.
Longitudinalmente (ao longo do greide), deve-se dispor um furo a cada cento e cinquenta metros, quando as distâncias superarem os quatrocentos metros.

SPT realizado na COHAB I / Rua Padre Tomás de Villanova - Condominio Barra Bonita (em construção) n.º 779

Boletins de sondagem

Os boletins de sondagem são os documentos que trazem os resultados do ensaio de sondagem SPT. Neles, há a distribuição de camadas de solo, qual o N SPT de cada estrato e uma descrição das características do solo que as compõe. Essas características são verificadas, mais tarde, em função de se extrair amostras durante o ensaio.


Boletim de sondagem
Exemplo de boletim de sondagem.

Outra informação muito importante que está presente no boletim e que afeta o desempenho do elemento de solo como fundação é o nível de água, ou seja, o nível onde se encontra o lençol freático ou o solo é saturado (vazios completamente preenchidos com água).

E quando o SPT não for indicado? O que fazer?

O SPT pode não caracterizar completamente o solo em um dado ponto. A presença de rochas grandes (matacões) pode impedir que se prossiga com o ensaio ainda se estando em profundidade inoportuna, isto é, quando ainda teríamos um bulbo de tensões atingindo a região e o solo não teve ganho de resistência que permita parar.
Por conta dessas disparidades de haver matacões ou a profundidade ser insuficiente é que podem ocorrer sondagens prévias e definitivas. Ou, pode ainda ser necessário complementar com outros ensaios.
No caso da presença de rochas, será útil realizar ensaio de sondagem rotativa, que extrai testemunhos e verifica o quanto a amostra está intemperizada, descontinuidades e outras características. Há a modalidade de sondagem mista, onde há percussão em solo e rotativa nas rochas.
Um outro tipo de sondagem é o CPT, que simula as condições de estacas, medindo atrito lateral e resistência de ponta. Não são extraídas amostras e os resultados são satisfatórios para solos moles.

Projeto de Ocupação Habitacional da área 254 COHAB I

Resumo
As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por um crescimento populacional vertiginoso nas grandes cidades e capitais brasileiras configurando um processo de urbanização rápido e precário à revelia das medidas antecipadas de controle e disciplinamento urbanos implementadas pelo Estado. A partir da criação do SERFHAU, em 1964, pelo governo federal, os métodos de planejamento urbano foram combinados às estratégias de desenvolvimento local que pautavam as políticas traçadas neste âmbito. As medidas de planificação estratégica se intensificaram com a instituição dos PDDIs (Planos Diretores de Desenvolvimento Integrado) e de instrumentos poderosos de gestão territorial, como foi o caso do BNH e dos Planos de Desenvolvimento (PNDs) a partir da PDUR (Política de Desenvolvimento Urbano e Regional), de 1976, elaborado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano (BERNARDINI, 2007: 3). Neste contexto, foram criadas algumas estratégias de planejamento local que tinham como objetivo melhorar qualitativamente as condições de serviços de infraestrutura das cidades e corrigir distorções causadas pela especulação imobiliária (ANDRADE e AZEVEDO, 1982: 82). 

O Projeto CURA (Comunidade Urbana para Recuperação Acelerada), criado em 1972 e financiado com recursos do BNH, cujas bases conceituais foram desenvolvidas pelo arquiteto carioca Harry James Cole, partia da escala do bairro para a implantação de redes de infraestrutura, equipamentos públicos e comunitários como forma de difundir tais melhorias à escala municipal e regional. O principal objetivo desta pesquisa é investigar os pressupostos e o conteúdo do Plano Itaquera-Vila Matilde, no âmbito do Projeto CURA, concebido e realizado pelo escritório do arquiteto Harry Cole, sob condução da antiga EMURB (Empresa Municipal de Urbanização) da Prefeitura de São Paulo. Partindo de referências conceituais do plano elaborado para a Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, este plano possui elementos importantes para revelar a introdução da escala do bairro nos processos de planejamento em expansão no período, considerando, principalmente as ideias urbanísticas relativas à concepção original traçado por COLE.


A associação entre projetos de habitação e transporte se estabeleceu, mas com um resultado problemático, materializado no desequilíbrio da distribuição de emprego e moradia e no movimento pendular que sobrecarrega o metrô desde o princípio de sua implantação. Depois da chegada do metrô a Itaquera, investimentos públicos e privados contribuíram para o desenvolvimento da região. Todavia, os investimentos ainda se encontram em um nível inferior ao necessário para equilibrar a distribuição de emprego e moradia. Em 1969, o PUB já propunha enfaticamente a implantação de mais de uma linha de metrô na Zona Leste. Dada a demanda na região, tal proposta foi corroborada por estudos produzidos pela própria Companhia do Metropolitano na década de 1970. Essa recomendação expressa há mais de 40 anos torna secundária uma eventual discussão sobre a escolha do traçado da linha Leste-Oeste. Seria mais pertinente questionar por que somente uma linha de metrô foi construída na Zona Leste até o começo do século XXI. CONCLUSÕES A transformação de Itaquera no último quartel do século XX representa o exemplo mais expressivo da associação de transportes de massa com habitação social em São Paulo. 


Entendemos, como Damiani (1993), que a ação coordenada entre COHAB e Metrô ajudou a dar forma e a consolidar uma parte da periferia da cidade. Essa intervenção associada no território carrega influências das discussões em torno do urbanismo realizadas dentro e fora do país, sobretudo no período pós-Segunda Guerra Mundial. Um caso tão raro não se produz em função de um só fator. Entre os fatores mais decisivos, estão o crescente apoio à implantação do metrô em São Paulo e a emergência do problema habitacional no país e na capital paulista entre as décadas de 1950 e 1970, consequências diretas do forte crescimento populacional que a metrópole de São Paulo apresentou no período; a condição de Itaquera, servido pela centenária ferrovia e com terrenos vagos; e o fato de a Companhia do Metropolitano ter permanecido por pouco mais de dez anos sob o controle da administração municipal. As iniciativas do Metrô e da COHAB coincidiram com propostas do PUB para Itaquera. Embora a influência do plano concluído e engavetado em 1969 sobre as ações dessas empresas possa não ter sido absoluta, a sobrevivência de suas propostas no âmbito da administração municipal, ao longo da década de 1970, é evidente nos documentos produzidos pelos planejadores do Metrô e da Prefeitura. Essa comprovação da permanência das propostas vai ao encontro da observação de Feldman a respeito do caráter dos grandes planos da época como formadores de “quadros técnicos para o planejamento urbano” (2005, p. 216). 

Movimentação de terra: saiba preparar o terreno para o seu empreendimento

#1 ART e alvará de execução

A ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), criada em 1977 por meio da Lei nº 6.496, garante que os profissionais registrados no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) possam cadastrar suas obras e serviços, cargos ou funções, cursos e prêmios. Além disso, ela define, para efeitos legais, os responsáveis técnicos pelo empreendimento, obra ou serviço, possuindo então o valor de um contrato. Deve ser registrada antes do início da respectiva atividade técnica, de acordo com as informações constantes do contrato firmado entre as partes. Ela é preenchida pelo responsável da construção e tem quatro etapas (preenchimento, cadastro, registro e impressão), de acordo com o novo manual da ART. A primeira diz respeito ao formulário eletrônico preenchido, mas que aguarda cadastro no sistema. Já a segunda acontece quando a mesma já está cadastrada, somente aguardando o pagamento. A terceira ocorre quando a mesma já está cadastrada e paga, fazendo com que ela se torne registrada e válida legalmente. Por último, a impressa, que diz respeito à ART impressa para a apresentação formal. Vale ressaltar que foi sancionada, em 31 de dezembro de 2010, a lei de nº 12.378 que regulamenta o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) e determina que os arquitetos devam emitir uma RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) que tem um procedimento parecido com o da ART, porém restrito aos arquitetos e urbanistas. Em todas as obras se faz necessário à obtenção de um alvará de construção. Ele é documento responsável por autorizar a construção, reforma ou ampliação de imóvel ou ainda legalizar a construção. O seu prazo está relacionado à análise dos órgãos e secretarias envolvidas e o mesmo sai junto com o projeto aprovado na prefeitura, desde que se tenha um engenheiro responsável não só pelo projeto, mas também pela execução da obra. Com o alvará em mãos, o empreendimento pode ser iniciado com a movimentação do solo.  
#2 Movimentação de terra e levantamento topográfico
terraplanagem pode se dividir em duas etapas principais: escavação (corte) e aterro. A escavação é a remoção de material em seu estado natural para algum tipo de manuseio (empréstimo ou descarte). Já os aterros, são segmentos que requerem o depósito, espalhamento e compactação controlada de materiais provenientes dos cortes ou de empréstimos. Com isso, essa etapa é de suma importância quando o terreno não está nas condições topográficas desejadas para a construção do edifício. Esses serviços dependem muito das condições do tempo (chuva ou sol), pois acima de 5mm de pluviosidade alguns desses serviços já não tem condições de serem executados. Para a movimentação de terra, o problema aumenta visto que não só o dia que chove, mas o dia seguinte também é afetado para a realização das atividades de escavação, transporte e aterro. Já o levantamento topográfico fornece subsídios sobre a natureza do terreno que irá receber a edificação, tais como: características do solo, espessura das camadas, posição do nível d’água, além de prover informações sobre o tipo de equipamento a ser utilizado para a escavação e retirada do solo, bem como ajudar a definir qual o tipo de fundação que melhor se adaptará ao terreno de acordo com as características da estrutura. O levantamento topográfico é dividido em etapas de coleta, processamento e tratamento de dados, disposição e gerenciamento das informações coletadas, que irá compor relatório e planta da área. Os profissionais aptos a prestar este serviço são o engenheiro agrimensor registrado no Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e o topógrafo, responsável técnico que assina a planta. O método mais utilizado é a geotecnologia, capaz de medir ângulos e distâncias por meio do taqueômetro, conhecido como estação total. De acordo com a NBR 8036 (Programação de Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos para Construção de Edifícios) de 1983, as sondagens incluídas no projeto topográfico devem ser feitas da seguinte forma: uma sondagem para cada 200m² (área da projeção em planta do edifício) em até 1200m². Entre 1200m² e 2400m² se deve fazer uma sondagem a cada 400m² que excederem os 1200m². Já para áreas acima de 2400m² o número de sondagens depende do plano particular da construção. Com isso, o mínimo de sondagens são duas (menos ou igual a 200m²) e três (entre 200 e 400m²). Quando não houver área da projeção em planta do edifício, deve-se usar a distância de, no máximo, 100 metros com no mínimo três sondagens no terreno. Se o número de sondagens for superior a três, não fazer no mesmo alinhamento. Por fim, a profundidade mínima para perfuração é de 5 metros.

#3 Limpeza do terreno e tapumes

Com a terraplanagem finalizada, a limpeza do terreno já estará feita e o mesmo nivelado conforme projeto garantindo a construção da obra. Já no caso de não necessitar de terraplanagem (em muitos loteamentos ou terrenos, a mesma já fora executada), serão necessários pequenos ajustes de limpeza para regularizar o terreno, capina para remoção de vegetação existente e remoção de entulho. O período de duração dessa atividade depende muito do tamanho do terreno e da equipe envolvida. Já os tapumes são vedações temporárias, de madeira ou outro material, usadas para resguardar construções ou obras nas vias públicas. Se for necessário que os tapumes avancem pelas calçadas, vale lembrar que será preciso um alvará específico, com validade de seis meses. NR 18, do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece que todas as construções devem ser protegidas por tapumes com altura mínima de 2,20 metros em relação ao nível do terreno, fixados de forma resistente, e isolando todo o canteiro. Os tapumes servem tanto para proteger a equipe de operários de obra como os pedestres que circulam nos arredores do terreno. Eles são ainda ótimos veículos de comunicação, que permitem promover a imagem da construtora e divulgar o empreendimento. Além disso, algumas construtoras têm buscado amenizar o impacto negativo das obras utilizando tapumes como painéis artísticos e criando uma experiência positiva de marketing em torno do empreendimento. Essas galerias de arte urbanas são um convite aos artistas locais para exporem seus desenhos. Dessa forma a construtora também evita o vandalismo.

#4 Elaboração e aprovação de projetos

A elaboração dos projetos necessários para a execução do empreendimento também está relacionada ao pré-obra. Em um edifício, existe uma gama de projetos que necessitam ser elaborados, como o elétrico, hidráulico, estrutural, prevenção e combate a incêndio, arquitetônico, instalações de gás, ar condicionado e paisagismo. Por isso, essa etapa é de suma importância por interferir nos prazos de início e entrega do empreendimento.   Para o início de uma obra, considerando um edifício de múltiplos pavimentos é necessária, para a liberação do alvará, a aprovação dos projetos de implantação e arquitetônico, sendo que os outros podem ser aprovados conforme o andamento da mesma. Após a elaboração dos projetos necessários, eles são encaminhados à prefeitura e aos órgãos competentes (como no caso o projeto de incêndio é aprovado pelo corpo de bombeiros). Esse processo pode ser um dos mais demorados, visto que muitas vezes um projeto volta várias vezes para o projetista fazer as revisões necessárias. Para a aprovação final, é necessário uma gama de documentos, além da ART (ou RRT, dependendo do caso). Por isso, é de suma importância planejar e realizar todas essas etapas de preparação do terreno e movimentação de terra para a construção ser a mais tranquila possível e assim evitar prejuízos desnecessários no decorrer da construção e também estar de acordo com a leis e normas da construção civil. 

Torres Portugal, Espanha e Itália


Torres Portugal, Espanha e Itália eram edifícios da cidade brasileira de São José do Rio Preto. A torre Itália desmoronou e logo após, as outras foram implodidas. 


Em 16 de outubro de 1997, aconteceu um dos episódios mais trágicos da história da cidade, sem vítimas fatais, mas que trouxe grandes prejuízos aos proprietários dos prédios envolvidos e ao erário público, alterou diretamente o cotidiano de dezenas de pessoas e repercutiu por toda a imprensa nacional e internacional.

A queda da torre Itália e a implosão das torres Portugal e Espanha do mesmo condomínio, que ficaram popularmente conhecidas como “Torres Gêmeas Rio-pretenses”.Um conjunto de três edifícios de alto padrão em uma área nobre da cidade que começaram a ser construídos em 1985, na Avenida Bady Bassitt. Por volta de 2:30 da manhã, moradores da torre Itália acordam com estouros dos vidros de seus apartamentos. As 5:51, o corpo de bombeiros foi acionado que retirou, em uma operação histórica, 65 famílias das residências em um raio de 150 metros. O último morador da tirado as 6:00 da manhã, cinco minutos depois a torre desabou.

Em 23 de abril de 1998, a justiça determinou a implosão imediata das torres Portugal e Espanha. Em 29 de abril de 1998, São José do Rio Preto parou para ver a implosão das torres. A imprensa do Brasil inteiro se concentrou na Avenida Bady Bassitt para ver o "espetáculo", milhares de pessoas lotaram a avenida para ver. As 11 horas da manhã soa o alarme para a implosão, e em 15 segundos toneladas de tijolos vão ao chão da avenida.

Edifício COMURBA


O Edifício Luiz de Queiroz, conhecido popularmente como COMURBA, foi um prédio que começou a ser construído em 1950 e, em 1964, estava em fase de acabamento, época em que desabou. Com 22 mil metros quadrados, ficava na Praça José Bonifácio, no centro da cidade de Piracicaba, São Paulo.


Sexta-feira, 6 de novembro de 1964. Eram aproximadamente 13h40 quando a região central de Piracicaba foi sacudida por um estrondo seguido de uma grande nuvem de poeira. Na sequência, gritos de pedidos de socorro se misturavam ao som de sirenes dos carros do Corpo de Bombeiros, ambulâncias e viaturas policiais.
Há exatos 55 anos, a cidade vivia a maior tragédia de sua história, quando parte do edifício Luiz de Queiroz desabou matando cerca de 50 pessoas – a maioria trabalhadores da obra do que seria o maior prédio do interior paulista.
Antes da catástrofe, o edifício Luiz de Queiroz passou a ser conhecido popularmente pelos piracicabanos como Comurba, abreviação de ‘Companhia Melhoramentos Urbanos’, empresa que construiu o prédio.
A construção teve início nos anos 1950 e, na época da queda, as obras ainda não tinham sido totalmente finalizadas. A arquitetura do prédio era moderna e imponente, semelhante ao edifício Copan, na cidade de São Paulo (ambos foram contemporâneos em relação ao período de construção, entre os anos 1950 e 1960).
O projeto do edifício era assinado pelo arquiteto Fábio Penteado e estava com 14 andares construídos, com 54 apartamentos aguardando as famílias proprietárias e outra ala – quase pronta – para salas comerciais. No térreo, já funcionava o Cine Plaza, de propriedade de Francisco Andia, com capacidade para 1.300 pessoas. A área contava com 22 mil metros quadrados, a maior construção do interior.
Um ano antes da tragédia, o jovem João Chaddad se formava arquiteto. No Comurba, ele desenvolvia projeto de decoração em um apartamento no primeiro andar e também desenvolvia o ‘Clube dos 120’ – o espaço social do edifício que fazia alusão ao número de proprietários dos apartamentos e salas comerciais do prédio. “Eu apresentei as pranchas, mas nem chegou a começar a construção”, contou.
Aos 84 anos, Chaddad lembra com detalhes daquela sexta-feira. “Eu estava fazendo um projeto para um apartamento e esperava o dono para conversar. Marcamos para as 13h, mas ele tomou uma taça de vinho e dormiu, então fui para o meu escritório às 13h30, quando cheguei lá, soube que o prédio havia caído”, contou.
Chaddad disse que voltou ao local rapidamente e ficou surpreso com o cenário. “Eu ajudei a retirar corpos dos escombros”, lembrou.
Apesar de o número oficial de mortos nunca ter sido determinado, o arquiteto conta que foram 54 pessoas mortas. Além do Jornal de Piracicaba que na edição do dia 7 de novembro de 1964 trouxe a manchete “Impressionante catástrofe abalou a cidade”, a notícia da tragédia foi repercutida em todo o país e no mundo, como acredita Chaddad. “Foi um abalo muito grande para o Brasil e repercutiu no mundo inteiro”, lembrou.
MERCADO
A queda do edifício Comurba também abalou o mercado imobiliário da cidade. Na época, Piracicaba começava um processo de verticalização que ficou estagnado por mais de dez anos, conforme destacou Chaddad.
Ele disse que possuía outros cinco projetos de prédios que foram paralisados após a tragédia. Assim como os culpados nunca foram apontados, os proprietários de apartamentos e salas do edifício nunca foram indenizados. “Eu mesmo tinha uma sala no prédio e tive que doar à prefeitura para que ela derrubasse o segundo prédio”, contou.
O presidente do Ipplap (Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba), Arthur Ribeiro destacou que a população ficou com medo de comprar apartamento e o prédio desabar. “A Comurba acabou em dissolução e as outras construtoras não arriscaram lançar novos empreendimentos no período”, lembrou.
 De acordo com o arquiteto João Chaddad, em valores atualizados, um apartamento do Comurba valeria atualmente entre R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão.