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sábado, 28 de dezembro de 2019

Cohab Carapicuíba - SP



Vilaça (p. 34) nos diz que 50 a 60% dos recursos de “interesse social” do BNH e do SFH foram utilizadas pelas Companhias de Habitação (COHABs) criadas nos mais diversos lugares do Brasil para financiar a construção de moradias populares. Apesar da proposta de serem voltados para as camadas de baixa renda, Vilaça, baseado em estudos sobre habitações populares, afirma que “a própria COHAB, que inicialmente pretendia financiar casas para faixas de renda inferior a três salários mínimos, logo desistiu disso e na verdade financia para faixas em torno de cinco salários mínimos a mais”. 

Em São Paulo, a Companhia Metropolitana de Habitação “foi criada pela lei n.º 6.738, de 16 de novembro de 1965, como uma sociedade anônima de economia mista, cuja principal acionária é a Prefeitura do Município de São Paulo, que detém 99% das ações preferenciais”, tendo por missão “garantir acesso à moradia para a população de menor renda, desenvolvendo programas habitacionais e promovendo a construção de novas unidades”, abrangendo o município e sua região metropolitana (COHAB, 2008, organização). Apesar da ampla possibilidade de atuação, sua atividade até hoje está associada à construção dos conjuntos habitacionais (Cohabs) para população de baixa renda: O Estado, atuando como promotor imobiliário, aproxima o mercado de moradias de suas demanda nas favelas e cortiços, subsidiando a produção. Viabiliza a compra de terrenos, administra a construção, cobre parte dos custos. Com isso, coloca mais um elemento na paisagem da periferia: os conjuntos de habitação social. (NOGUEIRA, 2003, v. 1, p. 7)


A partir de 1967, com recursos do BNH, foram construídos inúmeros conjuntos habitacionais na região metropolitana de São Paulo pela COHAB, sendo o período de maior investimento entre 1975 e 19864 . Os conjuntos criados nesse período foram: 

Com relação à construção, eram desenvolvidos projetos-tipo de blocos de apartamentos, como uma estrutura espacial simplificada, que tinha as seguintes funções: organizar o espaço da futura moradia, orientar a empreiteira no momento da construção e relacionar o espaço construído com o custo de produção (partindo de fórmulas – sala, cozinha, dois quartos, banheiro, área de serviço). Mais uma vez, “o que chama a atenção nessa forma de projetar da COHAB é que esses aspectos quantitativos organizacionais eram absolutamente preponderantes sobre os que se relacionavam com a qualidade do espaço de moradia, que viria a se constituir o espaço concreto da vida de seus futuros habitantes”, tornando-se mais “um instrumento de garantia da construtibilidade da obra e da lucratividade do empreendimento” (NOGUEIRA, 2003, p. 188 e 187). A mesma finalidade se aplicava aos processos construtivos. 

Os investimentos feitos a partir de 1975 pela COHAB e pelo BNH em novos processos visando obter vantagens de custo e prazo levou-os a convocar várias empresas para apresentar propostas, e nos quais foram testados vários sistemas construtivos, sendo os mais utilizados o de alvenaria estrutural e o de formas metálicas deslizantes Outnord. Para Carolina M. P. de Castro, nas palavras de Nogueira, “embora oficialmente a política habitacional do BNH pretendesse aumentar a eficiência e a produtividade viabilizando uma produção em massa, as mudanças técnicas construtivas introduzidas não reverteram em um aumento na qualidade de habitação, e sim foram canalizadas para as empresas sob a forma de lucro” (NOGUEIRA, 2003, v. 1, p. 191).


Carapicuíba, até os anos 70 era uma área eminentemente rural, com chácaras que produzia alimentos para abastecer a capital. Os três núcleos iniciais de povoamento foram a secular Aldeia, o centro de Carapicuíba e o matadouro do Km 21. Toda a região, a antiga Fazenda Carapicuíba e o Sítio Quitaúna5 , pertencia a Delfino Cerqueira, que as adquiriu em 1903. (TENÓRIO, 2003, p. 194). Dentre os inúmeros negócios de Delfino, estava a atividade de marchante, possuindo, por volta de 1918, 15.000 cabeças engordando nas invernadas de Conchas e Barretos, sendo nesta onde se localizava os principais campos de engorda de gado que chegava a São Paulo na primeira metade do século. 

Quando trazido para São Paulo, o gado de Delfino era abatido ou no Matadouro Municipal da Vila Clementino (pertencente ao distrito da Vila Mariana) ou no Matadouro Wilson, localizado em Presidente Altino (divisa de Osasco e São Paulo), pertencente ao grupo americano de mesmo nome, um dos maiores fornecedores de carne para a região metropolitana. Em 1920-21, Delfino Cerqueira estabeleceu à margem da E.F. Sorocabana, na época próximo à divisa entre os municípios Santana do Parnaíba e São Paulo, um pequeno matadouro de bovinos e outro de suínos, respectivamente à direita e à esquerda da ferrovia, para abater seu próprio gado e abastecer a população paulistana (BENITES, 1978, p. 23). 

Por conta do estabelecimento do matadouro, cerca de dois quilômetros adiante foi construído em 1921 um desembarcadouro de gados junto à ferrovia, visto que os trens da Sorocabana só paravam nas estações de Osasco (na época distrito de São Paulo) e Barueri (então pertencente a Santana do Parnaíba)6 . Daí seguiam em descanso de 15 por 15 em nove currais localizados nos morros entre o desembarcadouro e o ribeirão Carapicuíba que compunham o Sítio da Fazenda Velha, popularmente conhecida como Campo da Boiada, de onde seguiam para abate. (TENÓRIO, 2003, p. 91 e 132-134)


Com o fechamento do Matadouro Municipal da Vila Clementino em 1927, o abate de gado dos marchantes passou a ser feito junto aos grandes frigoríficos estrangeiros como Wilson, Armour e Swift, pois a Prefeitura de São Paulo praticamente abandonou os marchantes sem um lugar para abate. Em 1938 uma lei municipal restabelecia os serviços municipais de matança de gado utilizando o matadouro de Delfino Cerqueira, que se tornou o Matadouro Municipal. 

No ano seguinte, 1939, a prefeitura instituiu cotas de entradas de carne no entreposto municipal (tendal único), estabelecendo que 60% da carne viesse do Matadouro Municipal, o que deve ter feito com que, em 1943, 44, 38% da carne consumida em São Paulo fosse proveniente de Carapicuíba (BENITES, 1978, p. 116-117). Talvez seja dessa época a imagem dos campos repletos de bois pela região, tendo em vista que no matadouro chegavam a ser abatidas 2500 cabeças por dia, que entravam nos currais vindo da estação por uma ponte sobre o antigo córrego da Pedreira. Paulo Tenório, tendo recolhido depoimentos sobre a localidade, nos diz que muitos boiadeiros morreram nessas terras atacados por bois bravos, sendo comum encontrar cruzes em devoção à alma do falecido, assim como aponta a dificuldade, por conta da boiada, de se atravessar a divisa entre Osasco e Carapicuíba à noite. (TENÓRIO, 2003, p. 132-134) 


A partir de final dos anos 50 e década de 60, Benites aponta que a localização de frigoríficos na Região metropolitana de São Paulo começa a se tornar anti-econômica, fazendo com que grandes empresas estrangeiras encerrassem suas atividades e/ou passassem suas atividades para os grupos nacionais (BENITES, 1978, p. 168 e ss). Nessa época o frigorífico de Carapicuíba deve ter sido desativado (ainda não temos a data precisa), seu edifício permanecendo abandonado por muitos anos, transformando-se num cortiço em extensão à favela que ficava próxima ao lixão, e demolido para a construção do Rodoanel (ALMEIDA, 2005 Apud Estações Ferroviárias, acessado em 22/02/2008.

Distante cerca de 24 quilômetros do centro de São Paulo (a oeste), o conjunto ocupa uma área total de 2.500.000 m2 na qual foram construídos 357 edifícios com 13.366 apartamentos e 864 casas térreas/sobrados (vendidos a prestações aos moradores), aos quais se acrescentaram com o tempo equipamentos sociais como escolas e postos de saúde, além das áreas livres (ORNSTEIN, 1992, v. 1, p. 1-20)8 . 



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